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Entre a morte e a Ressurreição
Posicionamento teológico de Joseph Ratzinger
Por: Pe. Elílio de Faria Matos Júnior
Vigário Paroquial da Paróquia Bom Pastor
Juiz de Fora, MG
 
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Diante de tudo o que dissemos até agora, surgem pelo menos três questões: é aceitável o novo conceito da relação entre tempo e eternidade? O novo conceito de corporeidade pode ser assumido como sendo cristão? A tradição eclesial, professando a imortalidade da alma, de um lado, e a ressurreição no fim dos tempos, de outro, teria corrompido o que é genuinamente cristão com conceitos gregos dualistas?

Em vista da solução desses problemas, vocês, caros ouvintes, estão aqui para saber o que o teólogo Joseph Ratzinger tem a dizer. Nossa palestra tem um subtítulo que nos arremete à teologia de Ratzinger. É dela pois que devemos tratar.

Vimos que Ratzinger começou querendo “desplatonizar” a escatologia tradicional, o que significa: queria rejeitar o conceito de alma imortal, queria afirmar uma antropologia monista, queria reivindicar a idéia de ressurreição no momento da morte. Mas, como ele mesmo afirmou, em virtude de seus estudos e aprofundamentos, distanciou-se dessa pretensão e percebeu a lógica profunda da tradição eclesial, que afirma uma escatologia intermediária, isto é, uma situação definitiva e provisória ao mesmo tempo entre a morte e a ressurreição.

Ao perceber a lógica profunda da tradição e distanciar-se da pretensão de “desplatonização” da escatologia, Ratzinger tornou-se um crítico da nova tese escatológica que postula a ressurreição no momento da morte, sem, contudo, deixar de reconhecer-lhe certo mérito. A crítica de Ratzinger está baseada sobre três grandes pilares: a noção da relação entre tempo e eternidade, a noção de alma e a noção de corporeidade. É criticando os novos conceitos concernentes a esses três pilares que Ratzinger constrói se pensamento teológico sobre a escatologia no que tange ao problema da relação entre morte e ressurreição.



 
 
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