Colunas
 
Setembro – Mês da Bíblia
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 
Leia os outros artigos
 

É uma grande alegria celebrar a Palavra de Deus entre nós.Ouvindo-a religiosamente e proclamando-a, aderimos às palavras de São João, segundo nos ensinam os Padres Conciliares do Vaticano II: - “Anunciamo-vos a vida eterna que estava junto do Pai e se nos manifestou: o que vemos e ouvimos vô-lo anunciamos para que também tenhais comunhão conosco e nossa comunhão seja com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo” (Cf. 1Jo 1,2-3)

A Bíblia, não na sua materialidade, mas no seu conteúdo de revelação do mistério de Deus, consumada em Cristo, por Ele transmitido e promulgado e, por sua ordem, pregado pelos Apóstolos e seus sucessores é fonte de salvação.

Tomada na sua materialidade e dada a ela apenas a força da letra, perde seu valor de revelação, como ensina S.Paulo, na carta aos Corintios: “a letra mata, só o espírito vivifica”(Cf.2Cor.3,6). Daí o perigo das religiões fundamentalistas e daqueles que, mesmo entre cristãos, se apegam literalmente ao texto. A verdade fica obscurecida e a Palavra de Deus fica encadeada.

A revelação divina se faz para a gloriosa liberdade de filhos de Deus.(Cf. Rom.8) O mistério foi totalmente revelado na morte e ressurreição de Cristo. Nele temos o caminho, a Verdade e a Vida (Cf.Jo.14,6).

Para não ficarmos presos à letra, o Espírito Santo clamava e clama pela boca dos profetas. E o Filho de Deus confiou aos apóstolos e a seus sucessores (Cf. Mt. 28,19-20 – Mc. 16,15) e a todos nós batizados a missão profética da anunciar sua Palavra à luz dos ensinamentos do magistério vivo da Igreja. Esta tradição, oriunda dos apóstolos (Cf. 2 Tess 2,15) progride na Igreja  sob a assistência do Espírito Santo, seja pela pregação dos que receberam o carisma seguro  da verdade, o Papa e os Bispos, como pelo estudo e contemplação dos que crêem.

A Sagrada Escritura e a Tradição, continua o ensinamento o Concílio Vaticano II ( Constituição Dei Verbum) constituem um só sagrado depósito  da fé. A Palavra de Deus é a vida da Igreja. 

Entrelaçadas a Sagrada Escritura, a Santa Tradição e a Eucaristia misticamente é a presença do Cristo entre nós. A revelação da misericórdia do Pai, pelo Filho, no Espírito Santo.  Em Atos dos Apóstolos (Cf. 2,42), lemos que o povo santo “se mostrava assíduo ao ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna,à fração do pão e às orações.”

Ao introduzirmos solenemente a Bíblia no início do culto eucarístico, trazemos junto toda a tradição dos ensinamentos apostólicos de todos os tempos, de Pedro e Paulo, Tiago, dos doze, até Bento XVI e nossos Bispos. É a Igreja perene e eterna iluminada à luz do Evangelho, nutrida, na antecipação da glória eterna, na Eucaristia, na partilha do Pão.

Quando ouvimos religiosamente a leitura da Palavra de Deus escrita nos livros santos, nossa inteligência e coração tem de se abrir à plena revelação da história da salvação culminada em Cristo crucificado. A Palavra de Deus deve frutificar em nós nas obras da fé, como nos exorta S. Tiago, na luta pela transformação do mundo para que nele brilhe o Reino de Deus na fraternidade universal.

Ao proclamar a Palavra contida nas S. Escrituras não nos devemos perder , como diz S. Paulo em especulações (Cf. 1 Tim.1,4), mas, mostrar o amor de Deus que no Cristo morto e ressuscitado perpassa toda a humanidade e todos os séculos. Não foi outra também a pregação de Pedro (Cf. 2Ped.1,16)ao testemunhar o poder a Vinda de Cristo.

Neste mês em que, de modo especial, cultuamos a Palavra de Deus contida nas Sagradas Escrituras, louvemos, com o salmista a bondade de Deus: “Como amo, Senhor a tua lei. Tua palavra é lâmpada para meus pés e luz para o meu caminho).E procuremos caminhar na lei do Senhor: “Felizes  os que andam conforme a lei de Javé.Sim, eu nunca me esqueço dos teus mandamentos.” .”(Cf. Salmo 119 (118)



 
 
xm732