O objetivo derradeiro da criação é a reta ordem, dentro de leis seguras e imutáveis, que louvam a inteligência de quem tudo criou. É essa que devemos procurar, como um detetive buscando decifrar pistas. “A lei do Senhor é perfeita, conforto para a alma” (Sl 19, 7).
Foi a constatação dessa perfeição que empolgou as mentes esclarecidas de Copérnico e de Kepler. Quando perceberam a harmonia das galáxias, das estrelas e planetas, com suas órbitas previsíveis e matemáticas, ficaram extasiados com tanta beleza e equilíbrio.
Hoje em dia os cientistas, sem menosprezar a ordem da criação, interessados em confirmar o evolucionismo, se empolgam mais com o caos, onipresente no universo. Diz a Escritura: “Toda a perfeição tem seu limite” (Sl 119, 96). Só Deus está imune de deficiências, imperfeições e limitações.
Constatar o caos é muito fácil. É só ver as explosões de estrelas, a perturbação recíproca entre as galáxias, a fuga do universo para um ponto misterioso. Basta ver como fica o leito de um rio após uma enchente. A confusão é total, até se estabelecer um novo equilíbrio. O genoma humano, que pôs à luz do dia a disposição dos gens humanos e suas tarefas, também revelou elevado índice de caos.
A princípio se achava que o ser humano possuísse mais de 90.000 gens, todos em equilíbrio perfeito e funções determinadas. Constatou-se que são muito menos – talvez uns 30.000 – e que existe uma plêiade de gens sem papel nenhum. Pelo menos até onde se conhece. O que significa esse “tohu wa bohu”? Diante de todo esse desequilíbrio nos perguntamos se a natureza tem falta de lógica; se existe um erro fatal na criação; se a desarmonia é uma frustração da natureza?
Não. Uma certa indisciplina faz parte da disciplina. Certa imposição faz parte da democracia. Meu mestre espiritual dizia, com humor, que o Padre não deve ser santo demais...O caos que detectamos no universo tem a força de transformar. Evolucionismo só pode haver onde existe desequilíbrio. Sem este nada de novo acontece.
A perturbação e a desordem condicionam a nova simetria. O cosmos, diante da desordem, se reordena em novo sistema. A imperfeição e a harmonia tem sua fase sucessiva. Oxalá, a desordem ética que avassala nosso mundo político, seja uma fase que vamos superar. Pelo seu voto, caro leitor, teremos um novo tempo de harmonia, onde as leis vigem com normalidade.
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