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Na linha apostólica
Por: DOM ALOÍSIO ROQUE OPPERMANN
SCJ ARCEBISPO DE UBERABA, MG
 
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Por ocasião do meu jubileu argênteo de episcopado, fui alvo de muitas atenções, especialmente por parte dos fiéis. Tais manifestações – eu o julgo com grande probabilidade de acertar – se voltaram menos para a minha pessoa, do que para o cargo que ocupo. 

Diante dos olhos daquelas pessoas, sou um dos sucessores dos Apóstolos. De fato, esta é a minha auto-consciência. “Para isso nasci, e vim ao mundo” (Jo. 18, 37). Procurei assumir essa responsabilidade. O Senhor não levou em conta meus defeitos. “Eu conheço aqueles que escolhi” (Jo. 13, 18).

Já o concílio de Nicéia (325), entre as muitas definições que estabeleceu, também se preocupou com esta questão: “qual é o sinal que deve acompanhar a verdadeira Igreja de Cristo”?  Eles deram a resposta, sem terem a menor sombra de dúvida: “A Igreja, para ser de Cristo, precisa ser apostólica”.  

Isso significa que o corpo de doutrina deve provir dos tempos apostólicos. Entre aquilo que nós hoje cremos, e aquilo que era crido pelos Apóstolos, só pode haver uma diferença de melhor compreensão, e não de novos conteúdos. Trata-se da mesma carga genética. Mas além disso -  o que se reveste de extraordinária importância -  a  apostolicidade se expressa também, como necessária, quando entram em cena as pessoas, que por Jesus foram escolhidas como portadoras de autoridade.

Os Apóstolos entenderam que deveriam transmitir o poder recebido do Mestre, a outras pessoas (os Bispos). Depois de uma primeira geração de Sucessores dos Apóstolos, seguiram-se outras, e outras, até chegar aos nossos dias. Os Bispos de hoje, por linhagem direta, vem dos Apóstolos.

Esses dois aspectos da apostolicidade,“vem do alto”. Não nascem da comunidade, que decide sobre outros aspectos eclesiais. Mas os dois que declinei, vem diretamente de Jesus.  Eucaristia verdadeira só pode haver numa Igreja que esteja na linha apostólica. Se vier de alguém que se autoproclamou bispo, o máximo que pode fazer é confeccionar um pão bento, mas nenhuma Eucaristia. “Ninguém pode atribuir a si mesmo esta honra, se não for chamado por Deus” ( Hb. 5, 4).



 
 
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