Liturgia Dominical
 
Solenidade da Natividade de São João Batista - B
 
Leia as outras homilias
 

“Houve um homem enviado por Deus: o seu nome era João. Veio dar testemunho da luz e preparar para o Senhor um povo bem disposto a recebê-lo”(cf. Jo 1,6-7; Lc 1,17).

João Batista é o filho de Zacarias, o mudo, e de Isabel, a estéril. Seu nascimento anuncia a chegada dos tempos messiânicos, nos quais a esterilidade se tornará fecundidade e o mutismo, exuberância profética.

A primeira leitura(Is 49, 1-6) apresenta o segundo canto do servo. O começo deste canto relembra o profeta Jeremias(Jr 1,5): como uma espada afiada são as palavras que Deus coloca na boca de seu profeta. A sua missão é dura, seu êxito pouco. O profeta não vive para o sucesso, mas para a palavra. A perspectiva se torna universal: luz das nações. Neste texto, João e Jesus encontram  um modelo comum. João é uma nova realização do “Servo de Deus” da primeira Leitura, um homem cuja palavra é como uma espada afiada, incômoda para quem não quer saber de Deus em sua vida. A história de João prova isso. Então, hoje agradecemos a Deus um “homem difícil”. Pois são muitas vezes os homens difíceis que mais nos ajudam na vida. As palavras incômodas dos profetas que nos fazem ver com maior clareza nossa situação. João Batista é uma luz em nossa vida, embora ele não seja uma luz definitiva como Cristo, mas antes, a testemunha da luz divina.

Queridos irmãos,

A natividade de João Batista assemelha-se às festas da infância de Jesus, de Nossa Senhora e de São José. O espírito desta festa é nitidamente de São Lucas, ou seja, gira em redor da manifestação da graça e da bondade de Deus. Esta festa pode ser resumida no lema da frase de Zacarias: “João é o seu nome”, que está anunciado no Evangelho( Lc 1, 57-66.80).

O Evangelho narra o nascimento de João Batista. “João é o seu nome”. A narração do nascimento e a circuncisão de João culmina na imposição do nome, que significa a gratuidade de Deus. João é um presente de Deus. Desde o início, mostra-se animado pelo Espírito de Deus, vivendo no deserto, como Elias, o precursor do grande dia de Deus.

João é o seu nome, anuncia Zacarias. O próprio nome João significa “Deus se mostrou misericordioso”. João é um dom gratuito de Deus. Isto mostra-se de diversas maneiras. Primeiro, pela idade avançada de seus pais. Segundo, pelo fato de ninguém na família de Zacarias e Isabel se chamar João. Terceiro pelo fato de Deus “soltar a língua”de Zacarias para que ele possa dizer: “João é o seu nome”.

A gratuidade quando vem de Deus significa não ser condicionado pelos cálculos humanos, portanto, significa pertencer plenamente a Deus. João, a criança que é dada a Zacarias e Isabel, como presente de Deus é a encarnação gratuita da bondade de Deus, lhe pertence completamente. João é o “profeta do Altíssimo”. O modo de viver de João lembra, inevitavelmente, Elias, o profeta que vivia no deserto, impelido pelo Espírito Santo.

Em cada Eucaristia, o anúncio da Palavra de Deus repete o tema que o Batista fazia ressoar às margens do Jordão: “Convertei-vos!”. A narrativa da Ceia do Senhor, no centro da Oração Eucarística, é um trecho daquele evangelho que nos deve levar também a perguntar com fé à Igreja que no-lo propõe: “Que devemos fazer? (At 2,37). A resposta de Cristo, corpo-dado e sangue-derramado, é: “Fazei isto em memória de mim”.  Assim, a segunda leitura desta solenidade nos apresenta o anúncio de Cristo por Paulo em Antioquia da Psídia. O querigma apostólico é unânime em mencionar a atividade de João Batista como o “ponto de engate”da mensagem de Jesus. O anúncio, por João, do mais forte que vem depois dele faz parte integrante do anúncio de Jesus Cristo. A pregação da conversão, como a de João, é sempre necessária no anúncio de Cristo: os fatos em Antioquia provam isso claramente. Esta leitura lembra o batismo e o testemunho de João, que pertencem ao tempo da promessa. O seu papel na história é procurar com sinceridade e lealdade que as pessoas não se enganem acerca de sua pessoa e não busquem em João Batista uma salvação que só é possível em Jesus.

Queridos irmãos,

Com o Salmista, louvemos e demos graças ao Senhor, porque de modo admirável Ele nos formou. O Senhor nos sonda e nos conhece, sabe quando nos sentamos ou quando nos levantamos; de longe penetra nossos pensamentos; percebe quando nos deitamos e quando andamos, os nossos caminhos lhe são todos conhecidos. Foi o Senhor que nos formou nas entranhas e, no seio de nossa mãe, Ele nos teceu. Louvemos e demos graças ao Senhor, porque de modo admirável ele nos formou do barro em nossos corações derramou o seu Espírito. Até o mais íntimo de nós o Senhor nos conhece; nenhuma de nossas fibras é por Ele ignorada, quando éramos modelados ocultamente, éramos formados nas entranhas subterrâneas.

Acolhamos a mensagem do Batista e aceitemos em nossas vidas a Palavra do Senhor. Ele veio nos salvar dos pecados e do domínio de Satanás. Preparemos a chegada do Filho de Deus em nossas vidas, através de obras de piedade e misericórdia em favor e nossos irmãos mais necessitados. Sejamos luz no mundo e sal na terra, para que a vida de nossos irmãos tenha o doce sabor da presença santificante de Nosso Senhor Jesus, o Cristo do Pai. A vida e o martírio do Batista são uma das inúmeras respostas-memorial que sempre sobem ao Pai por Cristo, com Cristo em Cristo, Amém!



 
 

xm732