Com a palavra...
 
Vocação: Povo de Deus, a serviço da vida Somos filhos escolhidos do Pai
Por: Padre Sebastião Luiz de Souza
É reitor do seminário Propedêutico e promotor vocacional da Diocese de Piracicaba
 
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O trabalho de animação vocacional começa com um cuidado especial com a vocação pessoal. Iluminados pelo Evangelho, constatamos que a vinha do Senhor não é apenas a Igreja, mas também o mundo dos homens e mulheres que são chamados à vida plena.

Uma referência a essa missão é a passagem do evangelho de Mateus: "Saiu de novo, viu outros que estavam na praça, desocupados." (Mt 20,3). Como Jesus, precisamos ir às "praças" para encontrar os que estão "desocupados" e convidá-los a trabalhar na vinha.

Na reflexão, fomos identificando as atuais "praças": a educacional (escolas e universidades), a virtual (internet, comunidades em rede), a da comunicação (emissores e receptores), a da política (ONGs, movimentos sociais, partidos políticos), a do mundo do trabalho (realidade urbana e rural), a dos cárceres com sua população formada na maioria por jovens pobres, a cultural (música, esporte, lazer, ecoturismo, vídeos, cinema). São essas realidades que devem interpelar o Serviço de Animação Vocacional.

O evangelho de Mateus diz que aos desocupados o senhor da vinha propôs: "Ide também vós para a minha vinha!" (Mt 20, 4).

Diante de toda essa realidade, somos convidados a tomar consciência da eleição divina, referência fundamental para compreendermos a dinâmica vocacional.

A experiência de sermos pessoas amadas, antes mesmo de amarmos, gera em nós um impulso missionário extraordinário.

A eleição é algo divino, que "vem do alto". O apelo de Deus chega até nós através dos clamores que vêm da humanidade. E como o profeta somos convidados a responder:

"Eis-me aqui!"

Nossa resposta ao chamado divino leva-nos a amar aqueles que estão nas "praças", especialmente os que estão em situações de sofrimento. Convém, pois, salientar que o "aqui" da resposta à eleição divina não se reduz a amar quem está perto de nós, mas também os distantes, os que estão à margem.

Somos chamados a ir cada vez mais àquelas "praças" aonde as situações de limite chegaram ao seu extremo. E, a partir daí, nos abrirmos ao amor que nos leva a acolher o diferente.

Por esse motivo, o que se espera da vinha são os seus frutos. Na Igreja não devemos ver apenas os "operários da primeira hora". Para ela são convidados também os últimos, as "massas flutuantes", formadas por rostos não bem definidos, pêlos quais Jesus sentiu uma grande compaixão.

A Igreja está a serviço da vida, uma vez que esta é a primeira vocação do ser humano e para tanto precisamos promover e animar sempre mais os ministérios eclesiais ordenados e não-ordenados, como serviço à vida.

Os trabalhos, as reflexões e as celebrações foram modos concretos de experimentarmos a beleza da "Igreja, povo de Deus, a serviço da vida".

Celebrando a comunhão fraterna, expressão da nossa fé encarnada no cotidiano, a riqueza e a diversidade dos carismas, revigoramos as nossas forças e a nossa vontade de continuar despertando, cultivando e animando as diversas vocações para a edificação do Reino de Deus.

Na "vinha do Senhor" há lugar para todos, também para aqueles que conseguem fazer apenas um pouco. Basta acolher o convite e fazer a parte que lhe cabe. A recompensa será maior do que os méritos, pois aquele que envia é justo. "Ide também vós para a minha vinha!"



 
 
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