Colunas
 
A fé que nos renova
 
 
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Tive a grata alegria de peregrinar em Roma entre os dias 24 de junho e 2 de julho, quando, reverentemente, tive a graça de contemplar o espírito do encerramento do Ano Paulino e a celebração da festa dos Apóstolos Pedro e Paulo, colunas da Mãe Igreja. Foram dias de intensa oração, de um sensível reavivamento espiritual, em que contemplamos a universalidade, ou seja, a catolicidade da única Igreja de Cristo Jesus.

Ao contemplar as relíquias de São Pedro, na Basílica Vaticana, quis de maneira especial lembrar-me de todos aqueles que se recomendaram às minhas orações em suas intenções e de suas famílias, para a superação da tristeza, da provação, da dor, do egoísmo e mesmo da perseguição. Diante dos restos mortais do Apóstolo Pedro e do túmulo do Servo de Deus João Paulo II, sentimos a busca incessante de tantos peregrinos que, reverentes, ajoelham-se e rezam pelo Papa da Paz, pedindo a sua intercessão junto de Deus para continuar perseverantes na fé.

A palavra de ordem nas pregações do Santo Padre, desde o encerramento do Ano Paulino, na solenidade de Pedro e Paulo, na recepção das comitivas dos arcebispos que se achavam em Roma para a imposição do sagrado pálio Aarquiepiscopal, bem como na audiência geral da quarta-feira, dia 1º de julho, centrou-se no ministério presbiteral, tendo como modelo Jesus Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote.

Bento XVI, ao dirigir-se ao povo, disse que “a identidade pessoal do padre, enraizada na sua chamada e na sua configuração com Cristo, não se pode separar da sua atividade pastoral. Na verdade, o ministério de cada padre é essencialmente cultual, no pleno sentido da palavra: significa tornar os fiéis capazes de oferecerem a sua vida a Deus como sacrifício que lhe é agradável”.

Por outras palavras, há que manter sempre unidos “os dois elementos essenciais dos sacerdotes: anunciar o Evangelho e expulsar os espíritos do mal. (...) Palavra e sacramento são as duas colunas do serviço sacerdotal. (...) Na vida do presbítero, não se encontram separados anúncio missionário e culto. É mediante a pregação do Evangelho que se gera nos crentes a fé, para que estes se unam ao sacrifício de Cristo com o sacrifício espiritual das suas vidas. É urgente recuperar o primado da graça divina, assim como a consciência da própria identidade, no exercício do ministério sacerdotal, (...) cujos elementos essenciais são o anúncio da Palavra e a celebração dos sacramentos".

Trata-se, insistiu o Papa, de um “primado absoluto”, sobre o qual há que recuperar uma convicção “clara e inequívoca”. “O amor pelo próximo, a atenção à justiça e aos pobres – advertiu Bento XVI – não são tanto temas de moral social, mas, sobretudo, expressão de uma concepção sacramental da moralidade cristã. (...) É de Deus que vem a graça da renovação espiritual para os padres, como para toda a Igreja. Trata-se, acima de tudo, de avançar cada vez mais na identificação com Cristo, que assegura a fidelidade e a fecundidade do testemunho evangélico. (...) O Padre é um convertido, renovado pelo Espírito, chamado por Deus para que a Palavra da salvação chegue até aos confins da terra”.

O Santo Padre ofereceu-nos, com suas palavras plenas de unção, uma esperança nova, conclamando-nos a não só pregar a Palavra, mas vivê-la intensamente. Viver a Palavra de Deus a partir da caridade, sendo pastores que conhecem as suas ovelhas pessoalmente, chame-as pelo nome, sejam solícitos para com elas, menos legalistas, profundamente abertos a atender todas as necessidades de todos os fiéis, indistintamente, porque a hora da evangelização e da re-cristianização da sociedade secularizada nos pede um renovado ardor missionário, tornando-nos discípulos-missionários do Deus Vivo e Verdadeiro.

Cristo é o Pastor das Almas. Nós somos instrumentos, presbíteros e povo santo do amor de Cristo, porque a “a fé adulta não se deixa levar de um lado para outro por qualquer corrente. Ela opõe-se aos ventos da moda”. Fidelidade a Cristo, à Igreja, ao Magistério e à Tradição são quatro vieses de uma renovada adesão de nossa fé, madura, consciente e misericordiosa.

Estes foram os estratos que pudemos nestes dias beber do sucessor de Pedro.

Que Bento XVI tenha vida longa e feliz, levando-nos a buscar sempre a verdade, o amor e o perdão.



 
 
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