“Grande sinal apareceu no céu: uma mulher que tem o sol por manto, a lua sob os pés, e uma coroa de doze estrelas na cabeça”(cf. Ap 12,1).
Meus queridos Irmãos,
Admirável alegria a festa que neste domingo, exatamente o domingo dia 15 de agosto, estamos celebrando: A ASSUNÇÃO DA BEM AVENTURADA VIRGEM MARIA, NOSSA MÃE E SENHORA.
Nesta festa se recorda a presença admirável de Maria na vida dos fiéis católicos, que em Nossa Senhora vêem, ao mesmo tempo, a glória da Santa Igreja e a prefiguração de sua própria glorificação. A festa tem uma íntima dimensão de solidariedade dos fiéis com aquela que é a primeira e a Mãe dos fiéis cristãos. Daí a facilidade com que se aplica a Maria o texto de Apocalipse 12, conforme nos exorta a Primeira Leitura, originariamente uma descrição do povo de Deus, que deu à luz o Salvador e depois refugiou-se no deserto (a Igreja perseguida do primeiro século) até a vitória final do Cristo. Assim o Livro do Apocalipse(cf. Ap 11,19a;12,1-6a.10ab) nos apresenta o sinal da Mulher – Aparece no céu a Mulher que gera o Messias; as doze estrelas indicam quem ela é: o povo das doze tribos, Israel, mas não só o Israel antigo, do qual nasce Jesus; é também o novo Israel, a Igreja, que deve esconder-se da perseguição, no primeiro século depois de Cristo, até que, no fim glorioso, o Cristo se possa revelar em plenitude. Maria assunta ao Céu sintetiza em si, por assim dizer, todas as qualidades deste povo prenhe de Deus, aguardando a revelação de sua glória.
Meus caros irmãos,
Na segunda leitura(cf. 1Cor 15,20-26), o sinal da vitória definitiva de Nosso Senhor Jesus cristo é a ressurreição, a vitória sobre a morte. Ela se realizou na sua própria morte e se realizará na nossa. Maria já está associada a Jesus nesta vitória definitiva. Nela, a humanidade redimida reconhece sua meta. A Assunção da Virgem Maria ao céu é considerada como antecipação da ressurreição dos fiéis, que serão ressuscitados em Cristo. Observe-se, portanto, que a glória de Maria não a separa de nós, mas a une mais intimamente a nós.
Estimados Irmãos,
O momento da Anunciação de Nossa Senhora, que significa para nós católicos que a Virgem Maria é conduzida por Deus, de corpo e alma, para junto de seu Filho amantíssimo, na glória celeste, é cantado e celebrado com grandes galas pelo povo cristão, sendo para nós um santo mistério, o mistério da Encarnação de Deus.
Esta festa considerada festa da nova criação. Isto, porque com a vinda do Filho de Deus em carne humana, Jesus se tornou a primeira de todas as criaturas, a cabeça de todos os seres vivos e nele todas as criaturas foram regeneradas. A primeira criação ficou marcada pela desobediência. A segunda criação, por conseguinte, ficou marcada por um forte sim obediencial.
A morte nos veio por Eva, e a vida nos veio por Maria. Sim, a Anunciação celebra o início da nova criação, da nova vida, vida que ultrapassa o tempo da velha criação e jorra para dentro da eternidade de Deus.
Irmãos e Irmãs,
Nota-se, claramente, no Evangelho que hoje lemos(cf. Lc 1,39-56) a presença das três pessoas da Santíssima Trindade, um mistério que o Antigo Testamento não chegou a descobrir, mas que foi revelado nitidamente por Nosso Senhor Jesus Cristo.
A pessoa de Deus, em primeiro lugar, que a partir desse momento, chamar-se-á Pai também de seu Filho feito homem. Um Deus que, misericordioso em seu amor, abre-se para nós, criaturas suas. Um Deus que sempre quis bem as suas criaturas, fruto de um ato de amor gratuito seu. Um Deus que enviou profetas para manter em fidelidade e obediência as criaturas rebeldes. Um Deus que resolve enviar o seu próprio Filho parque, na sua pessoa humana e divina, a humanidade fosse doravante absolutamente fiel e obediente.
Em seguida vem o Espírito Santo. Força que dá vida e vivifica a comunidade fiel. O Espírito que fecunda a Virgem, tornando-a Mãe do Filho de Deus. E o mesmo Espírito que vai acompanhar o Filho ao longo de sua vida, quando o próprio Senhor exclamou: “O Espírito Santo está sobre mim”(cf. Lc 4,18).
Com Jesus, Filho do Altíssimo, herdeiro de todos os Reinos, para quem foram criadas todas as coisas do céu e da terra, tornando realidade acessível as mais ricas e preciosas obras.
Meus queridos Irmãos,
O Anjo que aparece no Evangelho de hoje é o mensageiro do Pai do céu. Gabriel significa “força de Deus”. Gabriel aparece a Zacarias para anunciar a concepção de João Batista e é ele mesmo que diz chamar-se Gabriel. Sua missão, maior, contudo, foi trazer a Nossa Senhora a notícia de que Deus a escolhera para ser a mãe de seu Filho.
O justo José, outro personagem do Evangelho, teve um papel fundamental no nascimento de Jesus e na sua infância. Seu exemplo de dignidade, de justiça e de senso de trabalho fizeram dele o responsável pela paternidade jurídica que, no Oriente é muito importante.
Maria, estrela da nova evangelização, significa “Estrela do Mar” na palavra de São Jerônimo. Deus pediu a Maria o seu consentimento para que concebesse o Seu Filho Jesus. Maria, assim, com seu FIAT, com o seu SIM, se tornou a mãe do doador da Vida, aquele que é a Vida, e não apenas uma vida temporal, mas a vida eterna, as alegrias sem fim.
E Maria deu o seu decidido sim, tornando-se não só um instrumento passivo de Deus, mas também cooperadora do mistério da salvação. Maria, a servidora, que sob seu Filho e com seu Filho, de toda a nova humanidade, chamada à comunhão eterna com Deus.
Meus caros amigos,
O Evangelho de hoje é o Magnificat de Maria, resumo da obra de Deus com ela e em torno dela. Humilde serva – nem sequer tinha o status de mulher casada – ela foi exaltada por Deus, para ser Mãe do Salvador e para participar de sua glória, pois o amor verdadeiro une para sempre. Sua grandeza não vem do valor que a sociedade lhe confere, mas da maravilha que Deus opera nela. Um diálogo de amor entre Deus e a moça de Nazaré: ao convite de Deus, responde o sim de Maria, e à doação de Maria na maternidade e no seguimento de Jesus., responde o grande sim de Deus, a glorificação de sua serva. Em Maria, Deus tem espaço para operar maravilhas. Em compensação, os que estão cheios de si mesmo não deixam Deus agir e, por isso, são despedidos de mãos vazias, pelo menos no que diz respeito às coisas de Deus. O Filho de Maria coloca na sombra os poderosos deste mundo, pois enquanto estes oprimem, ela salva de verdade.
Irmãos e Irmãs,
Maria, glorificada no corpo, mostra-se hoje como estrela de esperança para a Igreja e para a humanidade, particularmente neste tempo favorável de missões diocesanas em nossa Igreja Particular. A sua altura sublime não a afasta do seu Povo nem dos problemas do mundo, pelo contrário, permite-lhe vigiar de maneira eficaz sobre as vicissitudes humanas com a mesma solicitude atenciosa com que obteve de Jesus o primeiro milagre, durante as Bodas de Caná.
Celebramos, assim, hoje, o Dia da Vocação à Vida Consagrada. Homens e mulheres que a exemplo de Maria deram o seu SIM a JESUS e se consagram na obediência, na pobreza e na castidade para se aproximar mais no autêntico seguimento do Salvador. Rezemos, pois, pelos nossos consagrados. Assim, que os consagrados, seguindo o exemplo de Maria possam dar ao mundo testemunho de coerência e santidade de vida em tudo amando e servindo. Em Maria, pois, celebremos a nossa vocação para a ressurreição e a vida feliz pela participação na glória de Deus. Em Maria assunta ao Céu contemplamos a aurora e o esplendor da Igreja triunfante. Amém!
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