Liturgia Dominical
 
Dia de finados - C
 
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“A vida não é tirada, mas transformada”

Meus queridos Irmãos,

Celebramos hoje a doce esperança dos cristãos. O “último inimigo é a morte”(Cf. 1Cor 15,26), e a vitória sobre a morte é o critério da esperança de todos os batizados. A morte, do ponto de vista meramente humano, é considerada, de maneira espontânea, como um ponto final, tudo, portanto acabou.

Entretanto, para os que crêem em Cristo Ressuscitado, a resposta é totalmente ao contrário: “A vida não é tirada, mas transformada”, conforme anuncia o prefácio da Missa de hoje.  Certeza dos cristãos anunciada e baseada na fé na RESSURREIÇÃO de Jesus Cristo, o Salvador. Se Jesus ressuscitou, também para nós a morte não pode ser o ponto final, mas o início de uma nova jornada, a vida em Deus. Somos unidos com Jesus na vida e somos unidos com Jesus na morte, conforme anuncia o Evangelho. Jesus é a Ressurreição e a Vida: unir-se a Ele significa não morrer, não parar de existir diante de Deus, embora o corpo morra e se decomponha, voltando a ser pó.

Amados e Amadas em Jesus,

O Mistério de Deus é colocado para a nossa reflexão neste dia em que a morte vem ao nosso encontro, como reflexão. Já na Antiga Lei, o autor de Sabedoria observa que as aparências enganam: a justiça dos justos não é um absurdo diante da morte. Pelo contrário, é o começo do “estar na mão de Deus”, que não tem nunca fim, conforme a primeira leitura. Paulo, por conseguinte, descreve a existência cristã como estar já unido com Cristo na Ressurreição, o que é simbolizado pelo batismo, conforme nos ensina a segunda Leitura.

Irmãos e Irmãs,

A comemoração dos fiéis defuntos está muito bem colocada junto à festa de todos os Santos. As duas estão ligadas intimamente pela fé e pela esperança no destino eterno da criatura humana, redimida por Jesus Cristo. Os santos lembram a meta alcançada, onde não precisam mais da fé e da esperança, porque tudo é amor, conforme anuncia São Paulo em Coríntios 13,8.

Hoje é a festa da esperança cristã. Não queiramos ficar tristes. Vamos ficar alegres porque não celebramos a morte, mas a vida eterna, aqueles que já estão juntos de Deus, nos precedendo no diálogo mais íntimo com o Redentor.

Relembremos hoje a Vigília Pascal quando, de velas acessas, simbolizando o próprio Cristo em nosso meio, entoamos o “Exultet”: “A luz do Rei eterno venceu as trevas do mundo... Cristo libertou-nos da escuridão do pecado e da corrupção do mundo e nos consagrou ao amor do Pai e nos uniu na comunhão dos santos!” E, com estas mesmas velas pascais em punho, renovemos as nossas promessas batismais, isto é, o nosso grande compromisso de caminhar para a santidade nos preparando para a festa do encontro definitivo, que nós não sabemos nem o dia e muito menos a hora. Nos preparemos para este grande encontro sem medo de mudança de vida e de radical conversão.

Meus caros irmãos,

A Luz que acendemos nos velórios para homenagear nossos mortos é a mesma luz de nosso batismo e que relembramos em toda a Vigília Pascal. É o Cristo que caminha na vida e na história nos velando e nos abençoando. Cristo, luz do mundo e salvação dos homens e das mulheres, arrancou-nos das trevas do erro e da condenação, revestiu-nos da gloriosa condição de filhos de Deus, e nos conduz para a luz eterna, onde “já não haverá noite nem necessidade de velas nem mesmo da luz do sol, porque o Senhor Deus nos iluminará e reinaremos pelos séculos dos séculos”(Cf. Ap 22,5).

Irmãos e Irmãs,

A morte é um caminho que todos nós teremos que percorrer hoje, amanhã ou algum dia. É uma verdade que ninguém poderá escapar dela. O destino é certo: Cristo conseguiu a vitória sobre a morte e levou a criatura a participar da vida incorruptível e eterna de Deus. Deus que nos dá a vida nos oferece, por conseguinte a morte, nos acolhendo de braços abertos, pelos méritos de nossa caminhada, na comunhão perfeita com ele, a chamada comunhão dos santos.

Tudo pertence a Deus: a vida e a morte, os bens que recebemos e que tivemos a possibilidade de frutificá-los neste mundo. Assim quando chegar o tempo da morte nós somos convidados a exclamar: “Nas tuas mãos, Senhor, me entrego!”(Cf. Lc 23,46). Assim a morte é a ponte entre a bela vida terrena e passageira para a belíssima vida celeste, divina e eterna.

A Comemoração dos fiéis defuntos é toda PASCAL: Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. Assim hoje enfeitamos as sepulturas de nossos entes queridos. Cristo ressuscitou no escuro de uma madrugada, transformando as trevas da morte em luz sem fim, por isso se entoa hoje, ontem e sempre o ALELUIA, RESSUSCITOU VERDADEIRAMENTE O SENHOR JESUS!

Meus amigos,

A Igreja militante está aqui hoje contemplando a Igreja triunfante do céu e a Igreja padecente. Os santos acabados do céu, ou seja, a Igreja triunfante – e os santos em fase de acabamento, ou seja, as almas do purgatório – são solidários com os que ainda estamos a caminho da santidade, a Igreja militante aqui da terra, deste vale de lágrimas. Esta é a comunhão de todos os santos que celebraremos no próximo domingo e que já celebramos hoje. Temos presentes os que nos precederam, não nos fixando na sua imperfeição, mas no destino glorioso que lhes foi designado por Deus. Assim recordamos os nossos pais, que nos deram a vida e a fé cristã; os nossos irmãos e amigos que lembramos com a grata saudade, por tudo o que bem fizeram pela nossa Igreja e pela nossa sociedade. E pensamos também em todos aqueles que estão ainda a caminho, os que estão lutando lado a lado pela santidade de vida e por um mundo melhor.

Vivamos, pois, neste dia a intensidade do mistério pascal de Cristo, que pelo seu Corpo místico, manifestado na Igreja peregrina, na Igreja padecente e na Igreja triunfante nos chama hoje para a conversão e para a santidade. Que nossos fiéis defuntos, pela misericórdia de Deus, descansem em paz! Amém!



 
 

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