Liturgia Dominical
 
4º Domingo de Páscoa - Ano B
 
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"A terra está repleta do amor de Deus; por sua palavra foram feitos os céus, aleluia!" (Sl 32,5 s)

Neste domingo, a Liturgia da Igreja nos convida a refletir sobre a figura do SENHOR BOM PASTOR.

A figura do BOM PASTOR é uma das figuras mais antigas da iconografia católica, que representa uma grande riqueza da parábola do capítulo décimo de São João, lido todos os anos no quarto domingo da Páscoa. Neste ano litúrgico B, a figura que nos apresenta é a do Cristo que nos ama e dá a sua vida por todos nós.

Jesus se apresenta como o único capaz de guiar e salvar o povo, fazendo ao extremo amor, dando sua vida pela redenção da humanidade. E como se não bastasse dar a vida como prova de seu amor, Jesus afirma que tem o poder de retomar a vida – promessa da Ressurreição – para que, pelos seus méritos, todos tenhamos vida em plenitude por toda a eternidade.

A figura do BOM PASTOR é a mesma figura de JESUS SALVADOR. O povo que ouviu o Divino Mestre conhecia bem a vida dos pastores, tendo em vista que o povo era de origem rural. O pastor era aquele que conduzia as suas ovelhas até às verdes pastagens, como poeticamente descreve o Salmista. Ser um bom pastor é ser aquele que apresenta às ovelhas, ou seja, ao povo de Deus, a Salvação que nos veio pela Morte do Senhor Jesus, confirmada em sua Ressurreição.

Por isso, a Missa de hoje, especialmente, tem um significado de salvação, de céu, de vida eterna, de amizade permanente com Deus. E nós só alcançaremos este pedacinho de céu ouvindo, colocando em prática os ensinamentos de JESUS, confirmados diuturnamente e reafirmados pela ação pastoral do CRISTO BOM PASTOR pelo seu Vigário, o Papa, pelos Bispos, e pelos Párocos em cada comunidade de fiel.

Meus irmãos,

O Bom Pastor é o próprio Cristo. Como tal, morreu na cruz pela salvação da humanidade. Aqui reside, pois, a novidade cristã: o verdadeiro, o bom, o justo e o santo pastor é capaz de morrer para que suas ovelhas tenham vida e a tenham em abundância.

No Santo Evangelho desta celebração(Jo 10,11-18), Jesus fala do empregado mercenário e do dono das ovelhas. Ora, sabe-se que o dono, comumente, é quem cuida melhor de seu rebanho. O empregado, por mais dedicado que seja, sempre deixará a desejar. Essa exposição, de forma muito didática, apresenta-nos o cuidado como Jesus tem para conosco, que constituímos sua grei. Desta forma, Jesus tratará aqueles que aderirem ao projeto de salvação.

A figura do pastor está presente nas Sagradas Escrituras desde os seus primórdios. Abel foi pastor. Pastores também foram os patriarcas Abraão, Isaac e Jacó. Todos tiveram que caminhar longos trechos com o rebanho pela Palestina afora, a procura de comida e de água. Além das grandes caminhadas, tinham que dormir com suas ovelhas, sendo necessário um rodízio para livrar-se dos assaltados dos ladrões e lobos famintos.

Assim como os pastores do Antigo Testamento agiram, age Jesus conosco. Como Bom Pastor, ele tem coragem de lutar pela salvação de suas ovelhas, para que não se perca nenhuma delas. Jesus morreu pelas suas ovelhas, irrompendo a morte ao terceiro dia, assegurando a vida eterna a todas as suas ovelhas: o bom e generoso Pastor que morre para dar vida, e vida plena, a suas ovelhas.

Meus irmãos e minhas irmãs,

A salvação que entra em nossa casa pela parábola do Bom Pastor é cheia de simbolismos e de significados festivos. O céu é uma festa permanente, onde não há distinção mesquinha do mundo moderno, de dinheiro, de poder, de prazer. No céu, há a edificação de uma comunidade de fiéis que partilham tudo em comum, um se preocupando com o outro, como o Pastor se preocupa com as suas ovelhas.

A figura do pastor vai mais longe do que o significado profissional. Compreenderam que significava pastor como guia, como condutor, como legislador, mas o Bom Pastor é aquele que mostra o caminho do povo para a vida eterna, para a salvação.

Meus amigos,

Todas as nossas aflições devem ser depositadas nas mãos do Senhor Jesus, do Senhor BOM PASTOR.
Assim canta a liturgia: “O Senhor é meu Pastor, nada me faltará” (Sl 23,1). Depositando nas mãos de Deus a confiança de nossa vida, de nossa caminhada eclesial, de nosso engajamento nas missões populares que se desenvolvem em nossa Igreja Particular, de nosso engajamento no projeto do Céu que é a salvação, todos nós comeremos do alimento que brota das verdes pastagens de Jesus: a santa EUCARISTIA.

Verdes pastagens é beber o sangue e comer o corpo de Jesus pela Eucaristia, presença permanente do Bom Pastor que conduz a vida da Igreja, a vida da comunidade e a nossa vida pessoal. Conhecer a Deus tem um significado eminentemente pastoral: uma vida religiosa, moral e social do cristão voltada para a mensagem de Deus, contida nos Evangelhos e vivida à luz da Tradição e da práxis da Santa Igreja de Cristo.

Meus irmãos,

A atuação dos primeiros cristãos em Jerusalém – conforme vemos na Primeira Leitura – deve ser entendida a partir de Jesus Cristo e de sua atuação. Pedro e João são presos e levados diante do Sinédrio. Este pergunta em que nome eles anunciam o chamado Evangelho e que agem. Complexo de instituições autoritárias, o Sinédrio não permite que alguém aja por conta própria, a não ser pelos interesses de seus membros. Mas os Apóstolos não agiam por conta própria: “No nome de Jesus Cristo Nazareno, crucificado por vós, mas ressuscitado por Deus... Em nenhum outro nome há salvação, pois nenhum outro nome foi dado sob o céu por quem possamos ser salvos” (At 4,10-12).

Esta é a conclusão do sinal do aleijado da Porta Formosa: a cura que lhe ocorreu significava a vida em Jesus Cristo. Esta deve também ser a conclusão de todo agir cristão no mundo; todo nosso agir deve ser: dar a vida de Cristo ao mundo, pelo testemunho do amor e o convite à participação deste mesmo amor, do qual Jesus nos fez participar, dando sua vida pelos seus amigos.

Prezados irmãos,

Quem não acredita em Cristo, não entende a experiência cristã que se expressa na frase: “Somos filhos de Deus”. Mas, também, o cristão não a entende plenamente, pois deve manifestar ainda seu sentido pleno(cf. 1Jo 3,1-2). A vida que Jesus nos dá é o amor do Pai, que nos faz viver verdadeiramente e nos torna seus filhos. Já agora, temos certa experiência disso na prática deste amor que nos foi dado. Mas essa experiência é ainda inicial, conforme anuncia a Segunda Leitura. Manifestar-se-á plenamente quando o Cristo for completamente manifestado na sua glória. Então, seremos semelhantes a Ele. Desde já, nossa participação desta vida divina nos coloca numa situação à parte: na comunidade do amor fraterno, que o mundo não quer conhecer e, por isso, rejeita (1Jo 3,1c). É a “diferença cristã”.

Alegremos no Senhor fazendo o bem, mesmo quando encontramos oposição. Isso enriquece a nossa vida, porque o amor de Jesus é Salvação, é Páscoa, é Ressurreição. Amém!



 
 

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