Liturgia Dominical
 
Solenidade São Pedro e São Paulo - B
Por: Padre Wagner Augusto Portugal
 
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"Eis os santos que, vivendo neste mundo, plantaram a Igreja, regando-a com seu sangue. Beberam do cálice do Senhor e se tornaram amigos de Deus."

A solenidade deste domingo é muito cara a toda a vida cristã. Celebramos as duas colunas mestras de nossa Santa Igreja: São Pedro – o primeiro apóstolo e o primeiro papa – e São Paulo – que de perseguidor converteu-se no maior seguidor de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Em tempos em que muitas pessoas estão preocupadas com a busca desvairada do poder sem escrúpulos, sem motivações de serviço, é bom salientar que o poder na Igreja vem de Deus a serviço de Seu bom povo, assim nos ensina as Sagradas Escrituras, a Tradição da Igreja e o Magistério Pontifício.

O poder na Igreja é serviço, é doação, é multiplicação de dons. Por isso, é necessário que nesta Santa Missa nos enfronhemos na imensidão da grandiosidade das duas colunas da Igreja: Pedro e Paulo.

Irmãos e irmãs,

Pedro foi o responsável pela fé de seus irmãos. Jesus lhe dá o nome de Pedro, significando que sua vocação é ser pedra, rocha, para que sobre ele seja edificada a comunidade daqueles que aderem a Cristo na fé. O príncipe dos apóstolos deverá dar firmeza aos seus irmãos.

Quando Jesus disse que Pedro era a pedra, vaticinou com uma doce promessa: o poder das chaves para abrir as portas, as portas do céu e as portas do inferno. Por Pedro passa a grandiosidade do caminho escatológico da salvação, o caminho que cada um irá trilhar, para receber, depois de sua peregrinação nesta terra, o prêmio de sua caminhada. “Por isso eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la” (Mt 16,18).

E como teríamos a certeza de que nem as potências do inferno venceriam o ministério de Pedro?

A primeira leitura(At 12,1-11) de hoje vem nos dar a resposta. O anjo de Deus tirou Pedro da prisão, mandando que se abrissem as portas de bronze para que o primeiro apóstolo continuasse a sua missão de dar testemunho do Cristo Ressuscitado. Isso porque ele tem o poder das chaves, o poder de ligar e de desligar. Ele é o administrador, aquele que nos dá a senha para entrarmos no Reino das Bem-aventuranças.

Na medida em que a Igreja Católica é a realização do Reino de Deus, Pedro e seus sucessores, os Santos Padres os Papas, são dispensadores e administradores desta parcela do Povo de Deus. Cabe a Pedro e aos seus legítimos sucessores a última responsabilidade do serviço pastoral. Respondendo pela comunidade de fiéis, administra ou governa as responsabilidades pastorais e a evangelização.

O poder do primeiro apóstolo vem de Deus. Não é um poder ditatorial ou inquisitorial, mas um poder que é serviço, que é diaconia, testemunho, responsabilidade pastoral, voltado totalmente para a orientação dos fiéis para a vida em Deus, para a santificação, para trilhar os caminhos de Cristo.

Meus irmãos,

Paulo foi o fundador carismático e o evangelizador por excelência da Igreja de Cristo. Sua vocação se manifesta na visão do Divino Redentor, no caminho de Damasco. De algoz, de perseguidor dos cristãos, transforma-se em mensageiro de Cristo, em apóstolo fiel. Paulo deu testemunha das maravilhas do Senhor Jesus até os confins de toda a terra. Suas cartas são verdadeiros planos e metas de pastoral que encantam a todos quantos, de maneira generosa e solícita, se colocam na escuta da Palavra de Deus e na vivência das verdades evangélicas.

Pedro foi o pastor solícito, garantindo nossa fé católica e apostólica. Na pessoa de Pedro destaca-se o pastor da comunidade de fiéis, referência da fé para os irmãos, cuja prisão é motivo de temor. Mas, por ela, a comunidade mostrou-se unida a ele, orando pelo pastor e se alegrando com a sua libertação, obra e graça benevolente do Senhor Jesus.

Paulo foi o missionário, o apóstolo das gentes, dos crentes e não crentes, que viaja peregrino formando comunidades e fazendo expandir a fé em todas as nações, vencendo as temeridades, clareando a ignorância, distraindo as perseguições, sem nunca se desanimar diante dos temores, um exemplo oportuno para a realidade em que vivemos: anunciar o Evangelho sem temor, destemidamente.

Meus irmãos,

No Evangelho(Mt 16,13-19), São Pedro responde pela fé de seus irmãos. Jesus lhe dá o nome de Pedro, que significa pedra. Este nome é uma vocação: Simão passa a ser a “pedra”, que deve dar solidez à comunidade cristã. Esta nomeação vai acompanhada de uma promessa e de uma autoridade, a de ligar e de desligar, a de unir e a distinguir o que está de acordo com o Plano da Salvação e o que lhe fere.

O Evangelho da celebração desta solenidade fala da missão que todos devemos abraçar, a missão de aderirmos à fé em Jesus, anunciando-a em todos os lugares, a todas as gentes. Não se trata de um anúncio abstrato, mas a proclamação de uma pessoa que caminhou e caminha conosco há dois mil anos: “Jesus Cristo, o Filho de Deus vivo” (Mt 16,16).

Ao perguntarem-nos sobre nossa catolicidade, devemos ter orgulho de responder ao interlocutor sobre nosso Deus: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo”. Jesus declarou no Evangelho que Simão professou esta confissão de fé com o auxílio da graça de Deus. Que o mesmo auxilio do Pai Divino nos acompanhe em nossa vivência eclesial, para que a messe do Senhor seja provida de santos e puros sacerdotes, doutos em humildade e ricos em sabedoria, para que possam ser outros Pedro e Paulo na condução da fé: um novo Pedro como bom pastor que conhece e conduz as suas ovelhas e um destemido Paulo que dá testemunho e busca todos os meios para anunciar a Boa-nova de Cristo.

Queridos irmãos,

Domingo de Pedro e Paulo é domingo do Papa. Volvemos nossos olhares e nossas preces ao Sumo Pontífice Bento XVI, que no anúncio da fé católica e apostólica vem garantindo nossa fé e dando testemunho ao mundo do Senhor Ressuscitado. Assista ao Santo Padre as luzes do Espírito Santo, para que o Evangelho seja nossa meta de vida. Que o exemplo e o testemunho das colunas da Igreja nos leve ao final de nossa peregrinação cantar como São Paulo: “Combati o bom combate, terminei a minha carreira e preservei a fé” (2Tm 4,7). Amém!



 
 

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