Liturgia Dominical
4º Domingo da Quaresma - A
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"Alegra-te, Jerusalém! Reuni-vos, vós todos que a amais; vós que estais tristes,exultai de alegria! Saciai-vos com a abundância de suas consolações"(Cf. IS 66,10-111).

Meus queridos irmãos,

Celebramos hoje o Domingo “Laetare”, ou seja, o domingo em que somos convidados a alegria. A própria antífona da entrada da Santa Missa dá o tom que celebramos: “Alegra-te, Jerusalém!”. O sacerdote pode usar, por concessão litúrgica, a estola ou a casula rosácea.  Assim a liturgia nos coloca na companhia dos que jubilosos sobem a Jerusalém. Somos nós, também, convidados a subir a Jerusalém. Subir a Jerusalém, nesta Quaresma, para contemplarmos as maravilhas que Deus vem operando em nossas vidas, neste caminho de penitência, de jejum e de oração para Ver Jesus, Caminho, Verdade e Vida.

Meus irmãos,

O tema da alegria vai permear toda a Liturgia, desde a oração da coleta até a oração sobre as oferendas. A Segunda Leitura nos ensina que Cristo vai iluminar as nossas trajetórias. Cristo, iluminando a nossa vida, para relembrar o Batismo, tema que iniciamos a nossa reflexão no domingo passado, que entendemos, melhor, no Evangelho, aonde Cristo é colocado como a luz do mundo, que abre os olhos ao cego pelo banho no “Siloé, que significa: Enviado”(Cf. Jo 9,7). Carregado de simbolismo batismal, o Santo Evangelho de João, é também uma profunda e rica lição de fé: os diálogos revelam sempre mais firme e decidida a fé do ex-cego, enquanto cresce a má vontade em aceitar Jesus e os seus sinais pelos fariseus. Por fim, o homem é excluído da sinagoga pelos hebreus  - sorte de muitos judeu-cristãos no fim do século I – mas, ao reencontrar Jesus, chega a professar sua fé e a adorar Jesus, fazendo jus ao sinal que recebera – a abertura dos olhos, sinal do Batismo.

Mas, devemos nos perguntar: Como estamos vivendo o nosso Batismo? Depois que fomos batizados estamos vivendo a coerência de filhos e filhas de Deus?  Por isso os batizados devem ser alegres, porque receberam a Luz de Cristo, que iluminará a nossa vida, como iluminou o dia santo em que recebemos a luz de Cristo representada pela vela acessa.

Estimados irmãos,

As trevas são a solidão, a dor, a noite, a escuridão. A Luz é o dia, a claridade, a vida, a presença de Deus. O cego vivia nas trevas e, pela ação e graça de Cristo, viu a luz. Mas que luz o cego viu? A luz que é o Cristo em sua pessoa divina e humana; e como tal, se torna a salvação para o homem, tal qual viu o cego do Evangelho hodierno.

Viver no mundo das trevas é não reconhecer Jesus, Deus e Homem, como o Salvador e Redentor. E aqui está o maior de todos os pecados que se pode cometer.

Os fariseus de hoje, ao contrário dos habitantes de Sicar do domingo passado, tinham um coração fechado, repleto de auto-suficiência, de homens velhos que não queriam abrir-se a graça de Deus.

Jesus hoje se apresenta como a Luz. Luz da razão e do coração. Luz que é capaz de fazer ver o rosto de Deus, reconhecê-lo, proclamá-lo e nele encontrar a sua segurança, o seu refúgio, o seu único repouso. A cegueira curada hoje ilumina as obras de Deus, especialmente, a maior, que é a criação e a encarnação de Seu Filho Jesus.

Amados irmãos,

Os cegos eram tidos como pecadores pelos hebreus. Isso por duas razões: primeiro, porque se fossem pessoas boas, Deus não os teria castigado com a cegueira. Segundo, porque, como cegos, não tinham possibilidade de cumprir todos os mandamentos, e por conseguinte, se não eram, se tornavam pecadores. Mentalidade curta, legalista, ritualista que não liberta o homem. Aí vem o Cristo, a curar o cego, a nos advertir que a sua Luz, a adesão ao seu seguimento, ilumina todos os homens e mulheres que querem experimentar a salvação.

Do Messias era esperado restituir a vista aos cegos. Esperança doce dos hebreus que se realizou no Cristo. Realizou-se de maneira plena, principalmente, quando o cego curado exclama com fé: “Eu Creio, Senhor!”, se ajoelhando diante de Jesus.

Várias são as cegueiras, além da cegueira física: a cegueira do coração, a cegueira do egoísmo, a cegueira da auto-suficiência, a cegueira da falta de caridade, a cegueira do ódio, a cegueira da violência, a cegueira da inveja; a cegueira da maldade de coração, a cegueira da língua, a cegueira dos ouvidos. Jesus veio curar de todas estas enfermidades, que teimamos em não querer a cura, ao não aceitar Jesus.

Devemos reaquecer, reavivar a piedade em Cristo, para que a sua obra salvadora se instale na terra, seja vivida e seguida por muitos que estão nas trevas dos erros e dos vícios. E vivendo a Luz a partir do mandamento sempre novo, que nunca se envelhece, o amor gratuito, generoso, paciente, que acolhe sempre o diferente.
           
Queridos irmãos,

Somos convidados hoje a vivenciarmos o nosso Batismo. Os sacramentos são sinais visíveis e eficazes da graça de Deus, já nos ensina a antiga escolástica canônica. De nada nos cura as águas do batismo se o Cristo não conseguir nos tocar primeiro. Os dois sentidos da cegueira, o espiritual e o físico, bem acentuados hodiernamente, quando Jesus usa o “cuspir” no chão, fazer lodo, para, por conseguinte, pôr no olho do cego, mandando que o mesmo lave a sua impureza tem um grande significado como sinal. O cego faz uma atitude que poucos de nós faz: ele não questiona a ordem de Jesus, ele a obedece com fé. O ceguinho teve uma atitude de humildade, confiança e esperança, sem a qual não há caminho de acesso ao Senhor.  Depois o ceguinho pensa que Jesus é um profeta, ou uma pessoa boa. Por fim, o cego pensa que Jesus tem poderes especiais oferecidos por Deus. Só, à partir daí, que ele reconhece que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, o escolhido, o santo dos Santos, o Senhor, a quem ele vai se prostrar para adorar em espírito e em Verdade.

Já os fariseus percorreram, de sua vez, o caminho contrário. Sabiam tudo a respeito de Jesus, de sua missão e de seu poder, mas se julgaram auto-suficientes, não precisando de nada.    
   
Qual deve ser o nosso caminho? Ter a atitude confiante do ceguinho? Ou anunciar aos quatro ventos que somos quase-deuses, e de nada precisamos de Jesus? Ter a cegueira curada, como o ex-cego, e a graça de reconhecer a divindade de Jesus é uma atitude que todos nós devemos ter no dia a dia. A nossa fé começa a partir do momento em que acreditamos naquilo que não vemos, mas sentimos no irmão e na irmã, no Cristo que se fez comunidade conosco e que vem ao nosso auxílio sob as espécies do Pão e do Vinho da Salvação.

Meus caros irmãos,

O Evangelho deste domingo descreve várias formas de responder negativamente à “luz” libertadora que Jesus oferece. Há aqueles que se opõem decididamente à proposta de Jesus porque estão instalados na mentira e a “luz” de Jesus só os incomoda; há aqueles que têm medo de enfrentar as “bocas”, as críticas, que se deixam manipular pela opinião dominante, e que, por medo, preferem continuar escravos do que arriscar ser livres; há aqueles que, apesar de reconhecerem as vantagens da “luz”, deixam que o comodismo e a inércia os prendam numa vida de escravos… Eu identifico-me com algum destes grupos?

O cego que escolhe a “luz” e que adere incondicionalmente a Jesus e à sua proposta libertadora é o modelo que nos é proposto. A Palavra de Deus convida-nos, neste tempo de Quaresma, a um processo de renovação que nos leve a deixar tudo o que nos escraviza, nos aliena, nos oprime – no fundo, tudo o que impede que brilhe em nós a “luz” de Deus e que impede a nossa plena realização. Para que a celebração da ressurreição – na manhã de Páscoa – signifique algo, é preciso realizarmos esta caminhada quaresmal e renascermos, feitos Homens Novos, que vivem na “luz” e que dão testemunho da “luz”. O que é que eu posso fazer para que isso aconteça?

Por isso, nesta missa, vamos com alegria receber a “luz” que Cristo oferece para poder acender a “luz” da esperança no mundo. O que é que eu faço para eliminar as “trevas” que geram sofrimento, injustiça, mentira e alienação? A “luz” de Cristo que os padrinhos me passaram no dia em que fui batizado brilha em mim e ilumina o mundo?

Estimados Irmãos,

David foi lembrado na Primeira Leitura pela sua unção. Destacando a dignidade de rei e sacerdote, nos lembra o Cristo-Ungido-Mestre e, ao mesmo tempo, nossa unção batismal em Cristo. A Quaresma deve ser vista como o tempo propício à proclamação renovada de nossa fé batismal. Ã partir daí Cristo nos iluminará. Que possamos viver a intensidade deste tempo, renovando o nosso batismo, assumindo-o conscientemente anunciando a todos Jesus, A Luz do Mundo!
Amém!

 
 

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